olho.gif (6998 bytes) ENSINO À DISTÂNCIA

 

Metas Instrucionais

Metodologia de Ensino

Estratégias de Ensino

Meios

Justificativa

Fundamentos Teóricos

Bibliografia

 

METAS INSTRUCIONAIS

As metas instrucionais deste curso de pneumática básica à distância são as seguintes:

a) Tornar a aprendizagem mais eficiente e rápida;

b) Melhorar o nível de compreensão dos conteúdos da disciplina;

c) Aumentar a retenção destes conteúdos;

d) Possibilitar uma abordagem modular aos conteúdos da disciplina;

e) Permitir um ritmo de aprendizagem próprio ao aluno;

f) Possibilitar a portabilidade do método de ensino, para que alunos geograficamente dispersos tenham acesso aos conteúdos da disciplina;

g) Inserir novas tecnologias no método de ensino da disciplina;

h) Tornar dinâmica a adaptação do conteúdo da disciplina para atender a demanda do mercado de trabalho.

TODO DE ENSINO

O método de ensino empregado neste curso foi o WBT, pois:

a) Proporciona a motivação que o jovem precisa para aprender, através do uso de recursos multimídia;

b) Possibilita ao aluno o uso de múltiplas inteligências, gerando um ensino mais efetivo. Segundo Mary Alice White, os jovens aprendem mais da metade do que sabem a partir de informação visual;

c) Cobre lacunas do livro didático, que além de ter um custo elevado, exige que sejam impressas novas edições para ser atualizado ou adaptado para um grupo específico;

d) Possui reduzido custo de transporte devido ao pequeno volume de um CD enviado por correio e às taxas relativamente baixas de transmissão de dados pela Internet;

e) Permite a atualização quase instantânea do conteúdo, inserida no ponto exato do texto em estudo. Com o uso de livros são necessárias erratas ou complementos que exigem uma consulta especial e podem passar facilmente desapercebidos;

f) Possibilita que alunos com dificuldade de aprendizagem ou aqueles que se atrasam em relação aos demais, tenham uma visão completa da disciplina ou da parte da disciplina em questão, sem que toda a turma necessite presenciar o que já foi visto e entendido. Permite a recuperação do conteúdo em qualquer local e em qualquer horário, sem prejudicar o andamento normal das aulas;

g) Atende a grupos dispersos, pois o aluno poderá realizar grande parte do aprendizado de maneira isolada ou em pequenos grupos, sendo assistido em horários específicos via rede de computadores e ter a presença do professor para esclarecer suas dúvidas e estimular a continuação do processo;

h) Possibilita suprir as seguintes necessidades dos alunos:

· Falta de tempo para assistir a aulas presenciais;

· Dificuldades de deslocamento;

· Custos elevados de transporte, alimentação e moradia ;

· Fazer cursos não oferecidos no local ou período de tempo adequado;

· Entrar em contato com outros estudantes de diferentes países e culturas.

ESTRATÉGIAS DE ENSINO

O método de ensino utilizado por este curso é baseado na teoria de aprendizagem construtivista. Esta teoria pressupõe que o aprendizado ocorre quando o aprendiz é capaz de adicionar novos conceitos à sua estrutura de cognitiva pelo reconhecimento de uma relação entre o que ele já sabe e o que ele irá aprender.

São utilizadas as seguintes estratégias de ensino:

a) Exposição do conteúdo da disciplina, com ênfase na prática, de forma dinâmica e interativa, através de exemplos, ilustrações e demais recursos multimídia;

b) Fixação do conteúdo através de exercícios de múltipla escolha, listas de discussão, envio de formulários email, para que o professor possa acompanhar o desenvolvimento individual de cada aluno na disciplina, contribuindo para a avaliação do mesmo;

c) Divisão do conteúdo da disciplina em tópicos, sendo que ao final de cada tópico serão solicitado exercícios e pesquisas sobre assuntos relevantes, para a avaliação do desempenho do aluno.

MEIOS

Constituem-se de aulas presenciais com apoio do WBT, acessado através dos computadores do Laboratório de Informática do CTI ou computadores pessoais. Poderão ser estabelecidos convênios com as cidades do interior do estado para que os alunos utilizem os equipamentos das prefeituras para acessar o conteúdo da disciplina.

O WBT utiliza o que segue:

a) Interface amigável, interativa, robusta e customizável pelo aluno

b) Gráficos, diagramas e esquemas informativos;

c) Sons dos equipamentos em operação;

d) Textos, glossário, tópicos com questões mais freqüentes e resumos de conteúdo;

e) Hipertextos e links interessantes;

f) Listas de discussão, formulários email.

 

O conteúdo da disciplina, os exercícios e demais atividades didáticas são copiados em um CD para instalação em computadores pessoais, estando pronto para imediato acesso à Internet, não necessitando do tráfego intenso na rede, prejudicado pela baixa qualidade das linhas telefônicas em algumas regiões do estado do Rio Grande do Sul.

JUSTIFICATIVA

Com a Revolução Industrial surgiu a necessidade da popularização do ensino, pois máquinas e processos complexos exigiam trabalhadores qualificados. Porém, ela efetivou-se somente neste século, pois o custo dos meios de ensino tornou-se acessível, atingindo todos os ramos do conhecimento.

Enquanto o processo de ensino-aprendizagem, em constante evolução, acompanhou o avanço da sociedade, os métodos de ensino seguiram o desenvolvimento tecnológico, principalmente nos países economicamente importantes. Atualmente, a escola procura incorporar novos meios de comunicação de massa, visando a exploração de novas tecnologias no ensino, principalmente a informática.

Não há consenso sobre o método de ensino ideal para os dias atuais, mas considera-se relevante a rápida evolução tecnológica, o surgimento de novas ciências e o enorme volume de informações necessárias ao desempenho das atividades profissionais e à qualificação para o mercado de trabalho.

Portanto, os métodos de ensino necessitam tornar-se mais eficientes para que a maior quantidade possível de informações seja veiculada. Além disso, devem ser atuais, de fácil assimilação, de baixo custo e com o necessário suporte pedagógico.

No Brasil, algumas tentativas de massificação do ensino não obtiveram sucesso, pois não levaram em conta as diferenças regionais existentes em nosso país. Alguns conseguiram associar bom material didático a vídeos de boa qualidade, porém o uso de um padrão de linguagem além da compreensão do seu público-alvo e de uma apresentação quase jornalística deslocaram a atenção do tema central. Além de não permitirem a interatividade com o aluno.

Quando se fala em uso de métodos atuais de ensino, pensa-se em informática e tudo aquilo que a cerca, como por exemplo a Internet. Porém, é necessário a formação de equipes de ensino, unindo aqueles que detenham o conhecimento com os que conheçam a tecnologia para transmitir o conjunto de informações exigidas para a solução do problema.

Na área do ensino técnico, verificou-se a necessidade do desenvolvimento de uma metodologia para a criação de um método de ensino baseado em WBT.

Este método valoriza o educando, que pode participar expondo suas idéias e sanando suas dúvidas, e o professor, que pode avaliar os conteúdos e propor alterações.

Cabe destacar que o professor da área técnica ocupa um posição relevante na formação do aluno, como profissional e cidadão, pois não transmite apenas conhecimento, mas coloca à disposição do aluno uma série de experiências pertinentes ao seu trabalho e à sua vida. Essas experiências que estimulam o aluno na busca de conhecimentos teóricos e práticos, lhe possibilitando a aprendizagem. Tais experiências são transmitidas de forma mais agradável e eficiente através do WBT.

O método é aplicado na disciplina de Automação Industrial, para máquinas e equipamentos, sendo estudadas suas funções, partes e principais aplicações, no desenvolvimento de circuitos pneumáticos a serem montados em simuladores, com aplicação prática no comércio ou na indústria.

FUNDAMENTOS TEÓRICOS

1- EDUCAÇÃO

O ser humano, por meio do trabalho, instaura relações sociais, cria modelos de comportamento, instituições e saberes. Porém, o aperfeiçoamento dessas atividades só é possível pela transmissão dos conhecimentos adquiridos através das gerações. É a educação que mantém viva essa memória e dá condições para a sua sobrevivência, sendo fundamental para a humanização e socialização do ser humano. Pode-se dizer que a educação é um processo que dura a vida inteira, e que possibilita rupturas pelas quais a cultura se renova.

O ato de educar é uma práxis, pois supõe uma relação recíproca entre teoria e prática. A prática de educar nem sempre foi antecedida por uma teoria elaborada de forma rigorosa, e durante muito tempo a humanidade partia do conhecimento espontâneo ou mítico para orientar a prática educativa. Ainda hoje, muitos educam dessa forma.

Entretanto, é preciso estabelecer diferenças entre educação e ensino. A educação é um conceito genérico, que supõe o processo de desenvolvimento integral do ser humano, visando não só a formação de habilidades, mas também do caráter e da personalidade social. Já o ensino refere-se à transmissão de conhecimentos acumulados e que são indispensáveis à educação.

Esta é uma distinção formal, pois no processo educativo, não há como separar tão nitidamente esses dois pólos que se completam. Como se poderia formar alguém sem informá-lo a propósito do mundo em que vive? É a partir da consciência da sua própria experiência e da experiência da humanidade que o ser humano tem condições de se formar como um ser moral e social.

Para J. Carlos Libâneo, educar é conduzir de um estado a outro, é modificar numa certa direção o que é suscetível de educação. O ato pedagógico pode ser definido como uma atividade sistemática de interação entre os seres sociais. Essa interação se configura numa ação exercida sobre sujeitos ou grupos, visando provocar mudanças tão eficazes que os tornem elementos ativos desta própria ação.

Segundo Libâneo, no ato pedagógico, presume-se a interligação de três componentes: um agente, uma mensagem transmitida e um educando. O especificamente pedagógico reside na integração entre a mensagem e o educando, propiciada pela ação do agente.

A verdadeira educação tende a dissolver a assimetria entre educador e educando, pois, se há inicialmente uma desigualdade, esta deve desaparecer à medida que se torne eficaz a ação do agente da educação.

Pode-se dizer que o conteúdo da educação é definido pela totalidade dos conhecimentos que se transmitem do professor ao aluno. A pedagogia convencional concentra sua atenção na discussão deste conteúdo, com a intenção de fazê-lo o mais adequado possível para cada fase da vida do educando, de modo a escolher como assunto a transmitir somente aquele que será desejável para a sua formação. Esta escolha é ditada pelo conceito que o pedagogo tem da natureza do ser humano e de seu papel na sociedade.

 

2- EDUCAÇÃO: BREVE HISTÓRICO

A educação se achava difusa nas sociedades primitivas, integrada no próprio funcionamento da sociedade, de modo que todos educavam a todos.

Conforme os agrupamentos humanos tornavam-se mais complexos, surgiam organizações especificamente encarregadas da transmissão da herança cultural, como a escola.

A educação formal, no entanto, não substituiu totalmente a educação informal que permeia as relações entre os homens.

A necessidade de tornar a prática de educar mais eficaz levou a um maior rigor conceitual e à sistematização dos conhecimentos, a fim de definir os fins a serem atingidos, fazendo surgir a pedagogia que, inicialmente, confundia-se com a filosofia.

Os primeiros filósofos tinham a preocupação de educar, contrapondo à consciência mítica o rigor da consciência racional. Os sofistas eram educadores, e Sócrates ensinava em praça pública. Os filósofos teorizavam sobre a educação, não como um projeto específico, mas como decorrência do próprio filosofar.

Platão considerava que a verdadeira educação deveria afastar o ser humano de tudo que o prendesse à sua existência empírica, onde se achava asfixiado pelos sentidos e pelas paixões, a fim de atingir a sua essência verdadeira, no mundo das idéias.

São Tomás, na Idade Média, considerava a educação a realização das potencialidades do ser humano.

No século XVII, com o desenvolvimento de um novo método científico, o educador passou a se preocupar com o rigor da teoria e da prática do ensino, originando processos que superaram o empirismo.

No século XVIII, Rousseau enfatizava a importância do mestre conhecer o aprendiz.

Ele acreditava que a educação se tornava mais eficaz, quando era favorecido o desenvolvimento harmonioso e sem coações do psiquismo infantil. A ênfase da educação era colocada no ideal do ser humano racional. Kant definiu a educação como o processo pelo qual o ser humano torna-se homem, ou seja, "o fim da educação é desenvolver toda a perfeição de que o indivíduo seja capaz".

Portanto, mantinha-se o enfoque metafísico da educação, onde educar era fazer o ser humano tender para a perfeição, desenvolver o que tinha em potência.

Em meados do século XIX, as ciências humanas desmembraram-se da filosofia, delimitando seu próprio objeto e método. Por exemplo, a psicologia aplicada à educação contribuiu para esclarecer os fenômenos da aprendizagem a partir de questões como níveis de dificuldade e ritmo de aquisição de conhecimentos.

No final do século XIX, o sociólogo francês Émile Durkheim, o primeiro a analisar o caráter social da educação, desenvolveu uma abordagem científica, centrada no fato concreto da educação, no exame dos elementos deste fato, tais como a pessoa que recebe a educação, a que a transmite, a interação entre elas, os conteúdos, as instituições escolares e o conteúdo da sociedade.

Para Durkheim, a educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontram ainda preparadas para vida social; tendo por objeto suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política no seu conjunto e pelo meio especial a que a criança, particularmente, se destine. Esta abordagem acentua o caráter social dos fins da educação, bem como a instituição da pedagogia como disciplina autônoma, desligada da filosofia, da moral e da teologia.

No século XX, são intensificadas as pesquisas sobre a educação e inúmeros cientistas, psicólogos e filósofos, pertencentes às mais variadas correntes contribuem para o desenvolvimento da pedagogia, tais como, Piaget e Skinner.

 

3- EDUCAÇÃO TÉCNICA

Segundo Ortega y Gasset, a origem da técnica remonta à própria origem do ser humano. O homem possuía um sistema de necessidades e um conjunto de atividades que as satisfaziam diretamente, caso se aproveitasse dos meios existentes, ou criava novas atividades, que consistiam em produzir o que não estava à disposição. Esse ato que modifica a natureza é um ato técnico, e o conjunto de atos técnicos é a técnica. Portanto, a técnica é a reforma da natureza para a satisfação das necessidades humanas.

A Enciclopédia Britânica (1964) define a educação técnica como: "... instrução em ciências e habilidades requeridas para a prática de ofícios ou profissões, especialmente aquelas que envolvem o uso de maquinaria ou equipamento científico."

A origem do termo técnico, na acepção atual, está relacionada com a formação de engenheiros. Nos Estados Unidos, a primeira instrução técnica foi ministrada na Academia Militar de West Point, N.Y, em 1802. Em 1824, foi fundado, em Tyroy, N.Y., o Instituto Politécnico Rensslaer, que iniciou o trabalho de treinamento de engenheiros civis, assim chamados para distingui-los dos militares. A mesma relação original se estabeleceu em todos os países em que se desenvolveu a industrialização.

O ensino técnico, na sua primeira fase, estava destinado à formação do profissional da engenharia, em nível superior. O passo seguinte foi o reconhecimento da existência de técnicos em nível médio.

Tendo em vista a diversidade de conceitos em torno da educação técnica, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), com o objetivo de firmar um entendimento comum do seu campo de atividade entre todos os seus países membros, assim a define: "Educação técnica designa a área do sistema educacional de um país que, sob a responsabilidade dos seus órgãos oficiais de educação ou de instituições escolares reconhecidas, tem a responsabilidade de desenvolver o processo de formação dos jovens, particularizando os aspectos pedagógicos de sua adequada preparação para o trabalho produtivo".

Desse modo, a educação técnica é a própria educação, como processo de formação integral, com a particularidade de enfatizar a preparação para o trabalho produtivo, valorizando o significado pedagógico dessa preparação. A educação técnica visa dar formação geral e tecnológica aos jovens.

 

4- APRENDIZAGEM

Gérard Vergnaud apresenta a teoria dos campos conceituais, que propõe uma estrutura que possibilite compreender a dinâmica dos conhecimentos no desenvolvimento cognitivo de, principalmente, crianças e adolescentes. Essa teoria foi gerada a partir das idéias de Piaget, sendo centrada na interação do ser humano com situações-problemas.

Segundo Vergnaud, um conceito não deve reduzir-se à sua definição, mas ser inserido dentro da situação que exige sua descoberta.

Essa situação é entendida, basicamente, como o confronto do indivíduo com um problema a resolver e pode tratar-se de uma situação nova que o faz hesitar, refletir e buscar uma solução, em relação à qual pode ser bem ou mal sucedido.

O conjunto de atitudes e processos mentais do indivíduo que entram em jogo na tentativa de solução de um problema tem como eixo central o que Vergnaud define como esquema.

No caso de um novo problema, entram em conflito todo um repertório de esquemas associados a situações afins e que podem recombinarem-se na formação de um novo esquema.

O esquema tem como característica fundamental a invariabilidade, pois à medida que o sujeito utiliza um esquema com sucesso, a confiança reforça-lhe o caráter de invariabilidade, convergindo para um estado de automatização. Porém, os esquemas podem, a qualquer momento, ser modificados ou abandonados, caso se verifique sua ineficácia.

Segundo Piaget, o aprendizado está relacionado com o desenvolvimento cognitivo do aluno, que é o centro de toda sua discussão. Para ele, quando o conhecimento transforma-se em ação ocorre a aprendizagem, cujo objetivo é a autonomia do sujeito.

Para Vygotsky, o aprendizado relaciona-se com o desenvolvimento social da mente, através da fala. Sua contribuição é a palavra.

Portanto, o aprender enquanto um ato que o sujeito exerce sobre si próprio significa entender a aprendizagem como processo ativo em que ocorre uma modificação duradoura no comportamento do indivíduo, pela própria ação deste, em conjugação com outras pessoas ou instrumentos.

Logo, o objetivo do aprender não consiste simplesmente em reproduzir um modelo, mas em resolver situações, criar e reinventar soluções.

Reboul afirma que o aluno aprende quando consegue ultrapassar conflitos, integrar as contradições aparentes num conjunto de esquemas mais gerais que ele possuía.

Portanto, o papel do professor no processo de aprendizagem é introduzir no ambiente dos alunos os elementos capazes de provocar uma situação conflitual, que poderá ou não levá-los a aprender, dependendo do modo como o sujeito agirá sobre si mesmo a partir deste conflito.

 

5- PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

No processo ensino-aprendizagem, há uma relação dialética, pois ensinar e aprender são passos inseparáveis, integrantes de um processo único em permanente troca, em que o relacionamento humano está sempre presente.

Para Saviani, se no processo ensino-aprendizagem, o professor deve ter clareza da estrutura da disciplina, esta deve ser trabalhada de modo a que os alunos não simplesmente recebam e copiem o esquema do professor.

Eles devem descobri-lo e ir além dele, concretizando dessa maneira a dialética ensino-aprendizagem. A ação pedagógica deve caracterizar-se por "atividades didáticas que visem auxiliar os alunos a se apropriarem do saber e não apenas recebê-lo.", pois receber o conhecimento não implica necessariamente em aprendê-lo.

Para que o ensino e a aprendizagem ocorram, é necessário que o sujeito reflita sobre o conteúdo que está lhe sendo passado e, sobretudo, transforme-o em ação. Só assim ocorrerá a apropriação do saber.

A caracterização de estágios de desenvolvimento intelectual de crianças, realizada por Piaget, permitiu que se tornasse conhecida a diferença entre operações concretas e operações formais. Essa diferença explica o argumento de que o ensino técnico, quando ministrado a alunos no estágio de operações concretas, sem recorrer a alguma forma de trabalho prático, é pouco eficiente. Justifica-se, com isso, o fracasso do ensino que tende a ser apenas informativo, desprovido de atividades práticas.

Aceita-se uma idade limite para o ingresso na fase de operações formais e a conseqüente redução ou supressão de atividades experimentais a partir dessa idade, com a justificativa de que o aluno já não mais depende do contato com objetos ou da reconstituição de fenômenos para consolidar seu aprendizado, uma vez que atingiu a fase de operações formais, com o que está habilitado a pensar de forma abstrata. Para as crianças testadas por Piaget, essa idade limite foi em torno de 12 anos, porém parece ser maior no caso de crianças de meios sócio-econômico-culturais carentes.

Entretanto, estudos têm demonstrado que se encontram alunos em fase de operações concretas mesmo entre calouros de universidades, em proporções superiores a 50%, não havendo, pois, um salto automático desta fase para a de operações formais.

Esses mesmos estudos concluem que experimentos bem idealizados encorajam os alunos a evoluírem em direção ao pensamento formal, o que é também prognosticado por Knoll: "A partir do pensamento lógico concreto, intimamente relacionado com o manuseio de objetos, instrumentos ou aparelhos, o professor pode fazer avançar o aluno gradativamente para o pensamento abstrato".

Para desenvolver um ensino eficiente, o professor deve aproximar sua argumentação da estrutura cognitiva do aluno, na procura de um diálogo que não se restrinja ao seu modelo de pensamento. A necessidade da procura desse diálogo é imperativa, pois não se pode desconsiderar o conhecimento prévio do jovem, mesmo o de origem extra-escolar.

O ensino técnico, muitas vezes, coloca o jovem diante de uma situação em que esse conhecimento prévio se defronta com o novo, originando-se um confronto que pode ultrapassar a simples aquisição, elaboração ou reformulação de conceitos, implicando numa verdadeira mudança de modelos.

O experimento, por ser integrante do método de construção do conhecimento, é uma parte não desmembrável do processo de ensino-aprendizagem. No entanto, uma boa didática não é necessariamente aquela fundamentada na supervalorização da experimentação. Esta deve estar inserida na estratégia adotada pelo professor, amparando sua argumentação e dando-lhe um apoio para confirmar hipóteses.

Um processo de ensino coerente extrai do experimento a motivação para introduzir um novo tema, a detecção de problemas, a comprovação da existência de constantes e a determinação de relações entre variáveis, mas não descuida da seqüência lógica do conhecimento, nem da sua evolução histórica, nem da importância de conceitos na evolução desse conhecimento.

 

6- CURRÍCULO E AVALIAÇÃO

A estrutura de uma disciplina forma-se ao longo de sua história, transformando-se devido às pressões econômicas, ao avanço tecnológico e às demandas culturais e sociais, que tendem à valorização da pessoa humana. Desse modo, os conteúdos escolares são dinâmicos.

Segundo Regina Garcia, currículo é tudo o que acontece na escola e que afeta, direta e indiretamente, o processo de transmissão, apropriação e ampliação do saber acumulado pela humanidade. Portanto, deve nortear-se pela investigação coletiva sobre o aluno e o seu mundo. O ponto de partida e o fio condutor do processo pedagógico deve ser a investigação sobre a realidade do aluno e sua percepção dessa realidade.

Para Joanir Azevedo, currículo é aquilo que a escola faz: os conteúdos ensinados, a forma de abordagem desses conteúdos, as estratégias utilizadas, os livros didáticos usados, as formas e critérios utilizados, a organização escolar.

Porém, para que o currículo se realize são fundamentais o método de ensinar, as estratégias utilizadas pelo professor para que ocorra a aprendizagem, e a avaliação, acompanhamento do processo cognitivo do aluno e a consolidação do processo de aprendizagem.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                              

Por meio do método de ensino, o professor desenvolve a participação ativa do aluno, na interação com o objeto de conhecimento e com os demais sujeitos. O professor transmite os conteúdos de maneira a possibilitar a aprendizagem efetiva do aluno, que é constatada a partir de uma avaliação. Porém, trata-se de uma avaliação que tenha por fim levar o aluno a refletir sobre os conteúdos abordados, sendo que nessa reflexão, não se pode excluir a consciência do sujeito que é avaliado.

Nas palavras de Paulo Freire: "Estudar é, realmente, um trabalho difícil (mas não menos prazeroso). Exige de quem o faz uma postura crítica e sistemática. Exige uma disciplina intelectual que não se ganha a não ser praticando-a."

A avaliação deve ter como foco o aluno, isto é, fazer com que o aluno sinta seu progresso diante do assunto trabalhado em sala de aula, indicando quanto e como ele está progredindo, levando o professor a refletir sobre seus erros.

O currículo não deve ser entendido como uma listagem de conteúdos, mas como um fenômeno ideológico em constante evolução, pois reflete as mudanças e alterações sociais. Deve ser a integração dos conteúdos da vida escolar com a vida comunitária, inclusive profissional.

Em relação ao ensino técnico, entende-se a aprendizagem como o processo em que, a partir dos conteúdos trabalhados em sala de aula, ocorre a modificação do pensamento, bem como da conduta do aluno em relação aos procedimentos das atividades laborais. A aprendizagem se dá quando os conteúdos integrantes do currículo de uma disciplina conscientizam e modificam, de fato, a ação profissional do futuro técnico.

Portanto, a aprendizagem ou não de um conteúdo transmitido, pode determinar mudanças na estrutura de uma disciplina, que se constrói ao longo de sua história, a partir do saber cotidiano do aluno.

BIBLIOGRAFIA

a. AZEVEDO, Joanir. O orientador educacional e o currículo. In: GARCIA, Regina Leite (Org). Orientação educacional: o trabalho na escola. São Paulo: Loyola. Coleção Educar. n. 12.

b. GARCIA, Regina. O fazer e o pensar dos supervisores e orientadores educacionais. São Paulo: Edições Loyola, s/d. Coleção Educar, n. 5.

c. ORTEGA Y GASSET. Meditação da técnica.1939.

d. SAVIANI, Nereide. Saber escolar, currículo e didática: problemas da unidade conteúdo/método no processo pedagógico. Campinas: Autores Associados. 1994.

e. VERGNAUD, Gérard. Teoria dos Campos Conceituais. Paris: CNRS / Université René Descartes, s/d.